1. |
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Ao mar imenso e denso fumo alarga a pança
A uma aliança já sem rumo
Refresca a cola pesca, bola e marmelada
Na queimada chicha e sumo
Sensação sensacional
Bom serão durante o verão
E ah relação sazonal
Dormida em paz na ilusão
De ser marido e namorada
Doce e tenra apaixonada
Já nem pensas em mais nada
A não ser levar contigo mais do que se passou cá
Ainda temos meio mes de mar, cu e maracujá
E meio mês é meio mês de funaná
Esplanada e crawl não pontificam
Que por mais gestos que ficam
Nada é sol que dure mais
U
Não somos só sobremesa de um instinto natural
Mas podes ter a certeza que não vamos ter as mãos dadas na altura do natal
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2. |
Olho do Camaleão
03:30
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Ah Camaleão
O Olho do camaleão, senhor, dador
Muda tudo e tudo a volta, só não muda é de cor
Muda o ângulo, muda a forma, muda tudo e sem pudor
Só não muda é de cor
Nem torce e força a bela cauda no castor
E se o camaleão muda de cor
E não muda a sola dos sapatos
Se ele vir um bom leão até o sangue e o pulmão,
As escamas e o coração viram recheio de caixão.
Só não muda a cor
Muda tudo e tudo a volta
Abre e fecha e roda e solta
Mas não muda a cor
Mudar de mau tom também
Não deve nada a ninguém
(Só não muda bem a mesma cor)
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3. |
Abstracção
04:12
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Quero uma abstracção sem mãos
Sem pensares nem sonhos vãos
Quero viver noutro mundo
Viver, só devagarinho
Ser o mar e o céu sozinho
Viver sem saber de cor
Quero só mais nada querer
Ser o que é suposto ver
Ver sem nunca olhar de cor
Quero uma abstracção total
Viver sem ter bem e mal
Quero viver só
E quando o mundo ficar vão
É quando o mundo ficar são
Quero uma abstracção sem fim
O universo ao meu jardim
Ser o céu entre os meus dedos
Contemplar o que é além
Estar com tempo e nunca quem
Ver sem crer que tudo e cor
Quero um planeta de vidro
Borboletas de tecido
Armando fios em meu redor
Quero estar mal arrumado
Numa estrela em qualquer lado
Não estar bem em lado algum
Ser entrelinhas, estar disposto
A ter-me a mim, a ter-me a gosto
E quando o mundo ficar vão
É enquanto tudo ficar chão
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4. |
Espirais Purpúreas
04:59
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Vai a volta
Onde vais
Vai a roda, vai a volta
Vai à volta vê lá onde vais parar.
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5. |
Rrrrrr
02:05
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Rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr
Rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr....
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6. |
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Diz-se que o amor é cego e o casamento tortura
Dizes que isso é tudo prego e tudo vale para a manter dura
Seja carne para matança sejam gajas para casar
Todo gajo vira a tripa por um bom exemplar
A noite era abominável, a chuva torrencial
Vias densa maquilhagem e a barriga de postal
E os olhos de ver a quem a tua tusa quer rever
Ou confundir com alguém que tentaste num bar qualquer
Cinto a fazer de vestido, concedamos boas pernas
O retoque é oferecido e a lingerie das modernas
É chegar ver e vencer p'ra passar um bom bocado
Nem sei se é de se pagar se for vai ter de ser fiado
E ter por dom dizer que sim, olhei para ti à meia hora
Se achas que vim atrasado, epá desculpa-me a demora
Mas vim de camisa aberta e alminha na mão
Que só de mulher incerta vem incerta sedução
A chuva já abrandou, já só molha um bocadinho
Ir lá ver quem apitou, se passava devagarinho
Se tivesses de arriscar para desmamar essa revolta
Já se corria no risco de um bilhete só de volta
Porque a ida só se paga
E a vida só se perde
Quando a SIDA só se pega na ponta das pessoas.
Ir contra o estigma social
Vítima de ostracização
Se uma tem pinta menos mal, mete o chouriço nas calças
Não te vai caber na mão
Ir contra o estigma social
Querem o mal mas só de ti
Quem mal fia o que se teme roda as luzes da sirene
A quem não teme o que se diz
Tira da cara a vergonhaça
Que há um ajuste bem melhor
Para saber o que se passa quando o escândalo é pirraça
Preparada ao pormenor
Tira da cara o tulicreme
Que o que tu fazes não te mate
Com quem transforma um m&m numa daquelas gostosas
Orgias de chocolate
Vítima de ostracização
Já com tantos estigmas socias
Digno de muito mais
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7. |
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Consigo ver
O calor da lareira nas tuas orelhas, mais aquelas duas velhas que não querem estar quietas
Consigo estar
Num sorriso de poeira, tocar dessa maneira, de mãos dadas sem asneira
E córneas entreabertas
E é mesmo disto que eu gosto
Escusamos tapar o rosto
A este lindo fogo posto
Que fizemos miniatura
Consigo querer
Sem estragar esse cuidado, ombros dormentes braço dado, com um joelho esfolado, a tornar o calorinho
Uma beleza minimal
Temos algo menos vazio
Que um simples ranger de molas
Quando o tempo fica frio
As camadas de camisolas
Escondem bem a liberdade
De um amor mais animal
Siga rapariga, na boca da intriga
E ai de quem duvida da verdade
Ouve do ninho, um abutre um passarinho
Que anunciam o fim da tempestade
Mamã megera, maldita primavera
Chega a vera monção e o triste fado
Espero disposto a esperar até Agosto
E não por não dar conta do recado
Cama manhosa caracóis e ambrósia
E fixo no lugar do mesmo sonho
E cá estamos sempre a cansar ao mesmo tempo
Que nada, Vai voltar a ser medonho
Achas no lume as larachas do costume
(Reticências dum perfume)
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